Love – “A arte que não deveria ser” de W. Pax
Todos já conhecemos, ou deveríamos conhecer Walter Pax, o ilustrador do recém lançado Chamado de Cthulhu. Leia sobre esse projeto em: Chamado de Cthulhu em financiamento coletivo. Na verdade, o Chamado ainda não foi oficialmente lançado, mas o PDF já foi distribuído para os financiadores, e a arte é incrível.
Walter Pax, junto com seu editor, Alysson Ramos Artuso, entraram com um projeto de financiamento coletivo para publicação de uma obra do artista. Estamos falando do livro Love – “A arte que não deveria ser”. Acesse a página do financiamento coletivo bem aqui. Serão precisos R$14.000,00. Então entre lá e coopere! tem livro barato para os early birds (primeiros financiadores)!
Walter Pax
Direto da página do projeto:
Walter Pax (1973) é um ilustrador gaúcho e fã de Lovecraft. Foi responsável, entre outros, pelas ilustrações do livro A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, da adaptação brasileira do aclamado RPG O Chamado de Cthulhu e também participou das coletâneas Irmãos Grimm em Quadrinhos e The Workman, indicada ao Eisner Awards, um dos prêmios mais respeitados do mundo no segmento de quadrinhos.
Love – A arte que não deveria ser
Da página do projeto:
Fã do universo de Lovecraft, o ilustrador Walter Pax escolheu as descrições mais marcantes de O Chamado de Cthulhu, Nas Montanhas da Loucura e outras obras de H. P. Lovecraft e deu forma às incríveis e indescritíveis criaturas da mitologia do autor americano. As passagens e os desenhos compõem o livro bilíngue Love – The art that should not be by W. Pax ou, em português, Love – A arte que não deveria ser de W. Pax.
Página do Love no Facebook: http://www.facebook.com/pages/Love/723637884351657
(…)
Com 100 páginas ilustradas, o livro apresenta cerca 50 desenhos em preto e branco feitos por Walter Pax acompanhadas das citações de obras de Lovecraft. O tamanho do livro é de 25×16cm, com capa fosca e verniz em alguns detalhes. A edição conta também com um prefácio do ilustrador argentino Salvador Sanz e um posfácio sobre a vida e a obra do autor americano. Ah sim! O livro é bilíngue, então além das passagens originais em inglês de H.P. Lovecraft, o texto estará também em português.
Outros trabalhos do artista
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Entrevista
Se quiserem, leiam primeiro a entrevista do artista no Mundo Tentacular. Decidi não repetir perguntas, mesmo porque a entrevista daquele blog foi bem completa.
1 – Walter, como é ser gaúcho, artista e reencarnação de Nephren-ka, a forma humana de Nyarlathotep? Sério, me fala um pouco de você. Esse seu nome, bastante forte e muito chamativo, que deve ajudar na sua carreira, como surgiu? Walter já é um nome até bastante abrasileirado, mas Pax me soa de ascendência europeia. É isso ou é um pseudônimo que você escolheu como fazem muitos artistas nacionais (pelo menos o Mike Deodato o faz)? Sei que você é de 1973. Por curiosidade minha, que curto astrologia, qual seu signo? É do interior do Estado (RS)? Qual sua “base de operações” atualmente? Como foram seus estudos? Como sua família influenciou, ou se influenciou, seu trabalho? É casado? Tem filhos?
Salve Nerun! Vamos lá… Quanto à ser a reencarnação de Nephren-Ka, não devo falar muito sobre isso, pois meus superiores no mundo das trevas me dariam um baita puxão de orelha (a humana), mas posso dizer que ser artista e gaúcho me enche de orgulho, principalmente agora que a minha arte vem ganhando reconhecimento aqui no Brasil e fora dele graças à excelente repercussão do meu trabalho como ilustrador da versão brasileira do RPG Chamado de Cthulhu (chuvas torrenciais de orgulho e satisfação!). Os fãs deram o aval e compraram a ideia! São eles que fazem a minha arte ter todo esse valor. Sou muito grato ao pessoal que tem entrado em contato, elogiando (ou mesmo criticando) o meu traço. Grande honra em servir aos fãs (como eu) do mestre Lovecraft.
Quanto ao meu nome… Bem, significa algo como “aquele que olha sem nunca ver, mas que enxerga ao longe” num dialeto esquecido… Ha! Mentira. No início dos anos 1990, eu travei contato com uma galera aqui de Porto Alegre que era vidrada em quadrinhos (como eu) mas já tinham a sacada dos desenhistas europeus (até então, John Byrne era o único Deus pra mim) e me apresentaram Moebius e Les Humanoids Associes, Hergé, Alberto Breccia (Mestre Supremo!) e um sem número de desenhistas que eu sequer imaginava que existiam. Essa mesma turma de POA, que achava muito engraçado fazer piadas e zoar com a cara dos outros, me deu o carinhoso apelido de “Paquistanês”, por causa da minha cara de “qualquer coisa da ásia ou oriente médio” (ainda tem as pessoas que me chamam de colombiano, mexicano, indonésio etc.). O apelido pegou. Só que era muito longo e o pessoal misericordiosamente começou a me chamar de “Pax”… Daí quando comecei a assinar meus trabalhos, não foi difícil decidir o pseudônimo. Até já tentei assinar Walter Rodrigues (que é meu nome de batismo) mas as pessoas diziam que ao procurar por mim na internet só encontravam um estilista com o mesmo nome… Não ia dar certo, né?!
HA! Achei engraçado esse lance de perguntar signo… Me imagino falando pro público em alguma convenção: “bem, meu nome é Walter Pax, sou desenhista de terror escabroso e sou de libra com ascendente em escorpião”. Derrubei o currículo dos outros, né não?
Moro em Porto Alegre, com minha esposa Barbara e nosso primeiro filhote, Joaquín. Eles são a minha inspiração diária pra criar. O LOVE é principalmente pra eles. Espero q o Joaquín goste do tema “Cthulhu On Ice” pro seu primeiro aniversário… Morram Backyardigans!!!
2 – Quando foi que você decidiu que queria ser desenhista? Como você percebeu isso?
Quando decidi ser desenhista? Eu nem acho que decidi ser desenhista. Sempre fui desenhista (pelo que me lembro, desde muito cedo, com cinco ou seis anos) e não desisti nunca do sonho de viver como desenhista. Quando me perguntam o que precisa pra “ser um desenhista”, a única coisa q me ocorre é… “seja!”
3 – Quais as maiores influências artísticas na sua arte? Em entrevista ao Mundo tentacular, você citou o filme de John Carpenter (O Enigma de Outro Mundo), mas também o próprio H. P. Lovecraft (Nas Montanhas da Loucura) e, algo que gostei muito de saber, que é o Robert E. Howard (Conan). Não por acaso, Nas Montanhas da Loucura e O Enigma do outro Mundo, o cenário é a Antártida e o tema é o terror produzido por criaturas assustadoras, incompreensíveis e indescritíveis. Um pouco disso, mas fugindo dessa linha temos o Conan, cujo autor se correspondia com Lovecraft e chegou a usar algumas de suas criações em suas histórias fantásticas. Você é um fascinado pelo Horror? Quais suas outras influências? Falando da sua carreira, como esse fascínio pelo Horror, que você parece ter, influencia seu trabalho? Porque, convenhamos: Irmãos Grimm, Cavaleiro sem Cabeça e Chamado de Cthulhu não são pra qualquer um. Até mesmo The Workman, me parece um trabalho mais adulto. Esses trabalhos procuram você, como os astros influenciam as pessoas, ou você procura esse tipo de trabalho mais adulto, mais cabeça até?
As maiores influências? Nem sei dizer. São tantas. Adorava o desenho animado do Cavaleiro Sem Cabeça da Disney (acabei usando essa referência quando fui convidado pela editora Leya pra ilustrar “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça”), Patrulha Estelar, Os Muppets (o que seria do horror sem todo aquele humor, hã?), Duck Tales, os quadrinhos em “formatinho” da Marvel e DC (cresci com eles), A espada Selvagem de Conan, revistas Crypta e muito, mas muito filme de terror, principalmente dos anos 1980… O resultado dessa salada é o meu desenho (temperado com muito heavy metal, é claro!). O Stephen King sempre diz que as pessoas perguntam muito se ele só escreve terror/horror e que ficam alarmadas quando ele responde que escreve até poesia. Mas que ele escreve histórias de horror como ninguém, isso é verdade! Acho que eu funciono mais ou menos assim. Sou aficionado pelo horror, mas já fiz muitos trabalhos que não tem nenhuma relação com o gênero, como é o caso de “Leonardinho – Memórias do Primeiro Malandro Brasileiro” pra editora Saraiva, onde usei uma arte bem simples e juvenil, pois era direcionado à esse público e às escolas. Acabou tendo grande aceitação e o PNBE comprou milhares de exemplares dessa HQ pra distribuir em centenas de escolas pelo Brasil. Não é terror e está bem longe do traço que eu gosto, mas alguma coisa certa eu fiz, pois ainda vende muito bem…
4 – Nesse seu novo trabalho, Love – A arte que não deveria ser, título fantástico diga-se de passagem, pois transmite o “amor” a Lovecraft, o que podemos esperar? Sei que serão 50 ilustrações PB com temática Lovecraftiniana. Possui alguma arte que não foi aproveitada no projeto do Chamado de Cthulhu ou é algo totalmente novo? Do que nós vamos gostar mais?
Quanto ao LOVE… Bom, eu não preciso mencionar novamente o quanto sou apaixonado pela temática do horror, seja em literatura, quadrinhos, filmes, etc., mas Lovecraft sempre foi um caso sério pra mim. Foi amor à primeira vista. Imagino que milhões de fãs em todo o mundo sintam a mesma força magnética e cativante quando folheiam as páginas de seus livros, mas eu precisava devolver essa energia que os escritos do cara passaram pra mim e pra minha arte de alguma forma. Nada mais justo do que presentear nossos amados, né? O livro é todo de ilustrações inéditas e não tem relação com o trabalho que fiz pro CHAMADO DE CTHULHU. Queria fazer algo totalmente com a minha cara e do meu jeito por que o LOVE é o meu buquê de noiva, meu presente pro Lovecraft e pra obra que inspira ainda hoje meu traço… Só que vou jogar pra todo mundo pegar! Por que o amor tem de se espalhar nesse mundo, não é mesmo?
W. Pax
FIM DA ENTREVISTA
Acho q é isso, Nerun.Tentei não ser tão metódico ao responder as perguntas pra entrevista ficar mais leve. Espero que tu goste e que eu tenha respondido ao menos a maioria das perguntas de uma maneira divertida pro público (apesar de adorar o terror, eu adoro uma boa risada!). Valeu muito pela oportunidade. Brigadão pelos elogios e pela força com a divulgação do livro. Me diz depois se tu queres alguma foto ou desenho pra ilustrar a matéria. Posso te mandar alguma ilustração inédita pro público. É só avisar. Mais uma vez, meus sinceros agradecimentos. Sorte pra todos nós. Abração! W.
Muito obrigado Walter, e muita Paz pra você! Não pude perder a piada… Adoro esse “tu” sulista, tão acolhedor. Você mandou muito bem, até reproduzi aqui pro pessoal ver como você é gente boa!
E sucesso nessa empreitada, que não lhe falte sorte, pois sorte é quando experiência encontra oportunidade, e experiência você tem de sobra!
Caramba muito boa a entrevista! É bom ver os talentos nacionais. Especialmente na área de ilustração em RPG’s! Sucesso ao Pax!